“Ou você é chamado para descer no poço,
ou você é chamado para
segurar a corda.
De qualquer modo deveria haver
cicatrizes em suas mãos...
Onde estão suas cicatrizes?"
David Paul Washer
Jesus também teve cicatrizes. As marcas dos cravos em suas mãos eram a prova de que havia, sofrido, sangrado, sentido dor. Mais que isso, elas provaram aos discípulos que era Ele mesmo quem estava ali e que havia cumprido a sua missão (Lc 24. 38-49). Embora não precisasse, Ele não esquivou-se de apresentar suas cicatrizes. Não foi sem dor que Jesus cumpriu o seu ministério. Por isso, as vezes fico assustada com pessoas que acham que podem tomar parte do ministério sem sofrer nenhuma dor. Como identificar-se com Cristo na sua vida, se não identificar-se com Ele também no seu sofrimento e morte?
Onde estão as suas cicatrizes? Este ano, completo 14 anos no ministério de tempo integral, se contar desde o tempo de preparação no seminário, quando já vivia exclusivamente para a obra, são 19 anos. Nunca foi fácil. Alguns pensam que um missionário urbano não sofre. O que posso dizer é que o sofrimento é diferente, mas muito presente. Paulo comparou os apóstolos ( que cumpriam uma missão, por isso podemos entender como os missionários hoje) ao soldado e agricultor (1Co 9.7-11). Estas são duas classes trabalhistas que, irremediavelmente, carregam cicatrizes.
Mas no ministério existe um outra categoria de trabalhadores que também deveria ter cicatrizes nas mãos, são aqueles que seguram a corda, como nos a acostumamos a chamar os que sustentam a obra através da oração e ofertas. Ora, segurar a corda não é fácil, exige força (compromisso) e resistência (perseverança). Partindo do pressuposto, que eu acredito ser verdadeiro, que todo cristão tem um chamado de Deus, ou você é um missionário de carreira, ou é um missionário sustentador. As duas missões são essenciais e difíceis. Eu fico pensando em todas as pessoas que mensalmente enviam suas ofertas para mim. Quantas cicatrizes elas tem nas mãos por causa disso? Eu sei que algumas estão fazendo com sacrifício porque entendem que ofertar também é um ministério e no ministério nada é fácil. Mas infelizmente, a grande maioria dos cristãos é formada por pessoas que na primeira dificuldade corta a oferta missionária do seu orçamento, estão dando aquilo que lhes sobra, ou nunca fazem uma oferta missionária. E também há aquelas que não gastam nem um minuto intercedendo por missões. Estas têm as mãos e joelhos lisos, mas desconhecem o valor e o privilégio de sofrer pela causa do Evangelho.
Não há nada que eu reconheça na minha vida como mais prazeroso do que andar com Jesus e cumprir o seu chamado. E eu oro muito para que aqueles que seguram as cordas para mim e tantos outros missionários também experimentem esta profunda satisfação no coração. Então será sempre um privilégio sermos companheiros nas alegrias e lutas pela causa do Evangelho! Para tanto, que Deus nos abençoe!